O Dia do Pendura é uma das tradições mais emblemáticas e, ao mesmo tempo, controversas do universo jurídico brasileiro. Celebrado em 11 de agosto, a data coincide com o Dia do Advogado e se tornou um marco para estudantes e profissionais do Direito.
Ao longo do tempo, o costume ganhou notoriedade por misturar celebração, humor e uma pitada de ousadia, mas também despertou debates sobre seus limites éticos e legais.
→ Estude para concursos jurídicos com o Damásio. Tenha acesso a aulas, apostilas, questões e muito mais. Acesse aqui!

Dia do Pendura: origem da data e da tradição
O Dia do Advogado é celebrado desde 1827, quando o imperador Dom Pedro I sancionou a lei que criou os primeiros cursos de Direito no Brasil, localizados em São Paulo (no Largo de São Francisco) e em Olinda (em Pernambuco).
O objetivo era formar profissionais capazes de estruturar o recém-criado sistema jurídico nacional, essencial para a organização política e social do país.
Já o Dia do Pendura nasceu como uma prática estudantil, atribuída aos alunos da tradicional Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco. A ideia era simples: no dia 11 de agosto, grupos de estudantes se reuniam para festejar em restaurantes e, ao final da refeição, em tom de brincadeira, informavam ao proprietário que a conta seria “pendurada” em homenagem ao Dia do Advogado.
Em muitas ocasiões, os comerciantes aceitavam a situação como parte do espírito festivo da data — inclusive porque, historicamente, a presença desses grupos trazia visibilidade e movimentação aos estabelecimentos.
Com o tempo, a prática se espalhou por outras faculdades de Direito do país, tornando-se um ritual acadêmico que unia confraternização e um certo ar de rebeldia universitária.
Clique aqui e baixe agora o ebook “Panorama dos Concursos Jurídicos – 2º semestre 2025”
Entre a tradição e a lei
Apesar do aspecto lúdico e da aura histórica, o pendura levanta questões jurídicas relevantes. O Código Penal Brasileiro, no artigo 171, prevê que obter vantagem ilícita em prejuízo de outra pessoa, induzindo-a ou mantendo-a em erro, configura crime de estelionato — e isso inclui consumir bens ou serviços sem a intenção de pagar.
Por isso, embora ainda exista em alguns lugares, a prática hoje é vista com cautela. Muitos restaurantes não aceitam o “pendura” e faculdades recomendam que a comemoração seja feita de forma ética e previamente combinada com os estabelecimentos. Isso evita transtornos e preserva tanto a tradição quanto a legalidade.
O professor Gilberto Bruschi, do Damásio Educacional, reforça essa visão.
“O pendura faz parte de um folclore estudantil que, se bem conduzido, é inofensivo. Mas é preciso lembrar que, fora do contexto combinado, pode gerar responsabilidade criminal. A celebração do Dia do Advogado deve honrar a profissão e seus valores.”
Mantendo a celebração do dia do pendura viva
Hoje, diversas instituições e turmas de Direito mantêm o espírito do pendura organizando eventos, jantares temáticos e confraternizações pagas coletivamente, onde o foco é celebrar o 11 de agosto sem ultrapassar as fronteiras legais.
Assim, é possível manter viva uma das tradições mais antigas do meio jurídico brasileiro, adaptando-a aos tempos atuais e garantindo que a data siga sendo motivo de orgulho para a advocacia.
A história contada pelo professor Gilberto
O professor Gilberto Bruschi, do Damásio Educacional, relembra um episódio marcante de seu primeiro pendura, em 1992, na cidade de São Bernardo do Campo.
“O dono do restaurante era candidato a prefeito e recebeu um ultimato: ou deixava a gente entrar e saía no jornal como alguém que apoiava o pendura, ou não deixava e saía no jornal como quem não apoiou. No fim, entramos, comemos todos juntos e viramos notícia de capa no dia seguinte. Ele foi eleito, mas mandou um recado para nunca mais tentarmos o pendura lá.”
O relato mostra que, além do humor, o pendura sempre esteve ligado à criatividade e ao espírito de união entre estudantes.
Celebração responsável
O Dia do Pendura continua sendo lembrado em diversas faculdades do país, mas com adaptações aos tempos atuais. Muitos centros acadêmicos organizam eventos, festas ou almoços combinados com os restaurantes, evitando conflitos e problemas jurídicos. Assim, a essência da tradição — celebrar a advocacia e a vida acadêmica — é mantida de forma segura e respeitosa.

